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estenose carótida

Nos países ocidentais, estenose da artéria carótida é responsável por aproximadamente 20-30% dos casos de infartos cerebrais. Além disso, com o rápido envelhecimento da população, é crescente a tentativa de melhorar o atendimento e tratamento da estenose da artéria de carótida, visando melhorar a expectativa de vida saudável.

A eficácia da endarterectomia da carótida (EC) na prevenção de acidentes vasculares cerebrais secundárias por estenose da artéria carótida em pacientes tanto sintomáticos como assintomáticos foi estabelecida através de ensaios clínicos em larga escala publicados a partir da década de 1990.

A angioplastia transluminar percutânea (ATP), com colocação de stent na artéria carótida interna, é uma técnica de revascularização menos invasiva e é realizada como uma alternativa à EC desde o final dos anos 1990, com vários ensaios clínicos randomizados relatando a eficácia equivalente da ATP em comparação com EC.

A busca do melhor tratamento clínico evoluiu desde os primeiros esctudos clínicos randomizados da década de 1990. Fatores de risco modificáveis como hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, e uso de tabaca devem ser o foco do tratamento clínico agressivo.

A hipoperfusão cortical crônica decorrente da estenose carotídea é investigada como uma importante fonte de prejuízos cognitivos, independentemente de estar acompanhada de acidente vascular isquêmico cerebral. A embolia arterial causada por estenose carotídea pode resultar em múltiplos infartos, levando a déficits cognitivos e demência vascular. Nos casos de estenose carotídea grave, defeitos da perfusão podem ocorrer em áreas do córtex cerebral e podem levar a prejuízos cognitivos progressivos.

As recomendações clássicas para ATP com implantação de stent, sempre com proteção cerebral, incluem: radioterapia cervical prévia, reestenose crítica após endarterectomia, estenoses altas, fibrodisplasia, lesões próximas à emergência do arco aórtico e quando há oclusão contralateral da carótida interna ou há estenose em associada no mesmo eixo (“Tanden”).

O critério NASCET é um método de quantificação da estenose da artéria carótida interna. O diâmetro do segmento com estenose é dividido pelo diâmetro de um segmento normal da artéria carótida interna distal (onde as paredes são paralelas) e subtraído 1.

Para a realização de ATP da carótida com colocação de stent é necessário que o paciente esteja com dupla antiagregação plaquetária, iniciada pelo menos uma semana antes do procedimento. Exames laboratoriais pré-operatórios também devem ser realizados, juntamente com analise cardiológica e de risco cirúrgico. Vale ressaltar que estes pacientes não devem estar em uso de beta bloqueadores devido ao estímulo realizado nos baroceptores que existem no bulbo carotídeo durante a angioplastia.

A ATP de carótida é um procedimento realizado sob anestesia local e com o paciente acordado ou leve sedação anestésica.

O acesso preferencial é a via arterial femoral com a utilização de sistema coaxial para o cateterismo da carótida comum e o posicionamento do introdutor longo ou cateter guia. O material deve permanecer continuamente perfundido com soro fisiológico. Não aconselhamos a utilização de vasodilatadores na perfusão pela mesma razão de suspender os betabloqueadores antes do procedimento.

É imprescindível a utilização de um sistema de proteção para evitar a complicação mais temível deste procedimento: a embolia. O sistema mais utilizado e aceito é o filtro de proteção distal. O filtro é primeiramente posicionado distalmente à estenose e pelo fio guia do filtro o restante do procedimento é realizado. Em seguida um stent auto expansível é posicionado e liberado na topografia desejada, seguido de uma dilatação com um balão de angioplastia.  Nos casos em que há estenose crítica, pode-se utilizar um balão de menor calibre para realizar uma dilatação antes da colocação do stent.

A taxa de morbimortalidade após ATP com implante de stent na carótida é de 2% a 9%, com média de 4,7%.

Recomendamos os seguintes critérios de inclusão para ATP da carótida interna cervical:

A. Estenose sintomática > 50% (critério NASCET).

·         A ATP de carótida interna cervical deve ser realizada por uma equipe de neurorradiologia intervencionista com taxas de complicação periprocedimento menores que 6%.

B. Estenose assintomática > 80% (critério NASCET).

·         A ATP de carótida interna cervical deve ser realizada por uma equipe de neurorradiologia intervencionista com taxas de complicação periprocedimento menores que 3%.